|   Jornal da Ordem Edição 4.292 - Editado em Porto Alegre em 07.05.2024 pela Comunicação Social da OAB/RS
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NOTÍCIA

09.07.13  |  Diversos   

Filhos têm direito a herança mesmo que pai se case novamente

Os imóveis adquiridos no último matrimônio foram registrados apenas como propriedade da atual mulher, gerando indignação dos herdeiros do cidadão.

Dois irmãos conseguiram na Justiça o direito de rever a divisão de bens de seu pai, que havia se casado novamente e transmitira suas posses apenas à madrasta e à filha dela. A 14ª Câmara Cível do TJMG manteve sentença da 1ª Vara Cível de Pitangui.
 
Os dois filhos afirmaram que o pai se casou em regime de separação de bens com uma mulher. Ele, aos 70 anos de idade, já era viúvo. A cidadã tinha 37 anos e, de acordo com os herdeiros do primeiro e do segundo casamento, não trabalhava. Oito anos depois da união, em 2005, o marido faleceu em decorrência de um câncer e os diversos imóveis adquiridos pelo casal foram registrados apenas como propriedade da mulher.
 
Os filhos sustentaram que a terceira mulher do pai aproveitou-se de sua saúde e estado emocional fragilizados, bem como do fato de ele abusar do álcool, para obter dele procurações que permitiam que ela fizesse operações financeiras e administrasse propriedades do casal.
 
Os irmãos alegaram, ainda, que o pai fez uma doação inoficiosa (aquela que é feita, por liberalidade, pelo dono, de forma a comprometer o direito legítimo de seus herdeiros a parte do valor do bem) a sua enteada, com usufruto vitalício para a mulher. Outro imóvel teria sido vendido de modo fraudulento para retornar à posse da mulher. Em vista disso, os filhos pediram a anulação das alienações e da doação feitas pelo falecido.

A cidadã afirmou, por outro lado, que o amor e o respeito entre ela e o marido eram mútuos e que o homem se casou por livre e espontânea vontade e manteve a lucidez até a morte. Ela negou que não tivesse condições de adquirir bens, pois, antes de se casar, possuía um apartamento em Pará de Minas, que foi vendido posteriormente, e sustentou que jamais utilizou as procurações a ela concedidas para alienar imóveis do marido.
 
A viúva argumentou que, ainda que os herdeiros tivessem direitos sobre os bens, não era o caso de anular a transferência para o nome dela, mas simplesmente reduzir o valor que lhe cabia. No entanto, ela ressaltou que adquiriu os imóveis legitimamente e acrescentou que os filhos dos outros casamentos foram beneficiados com diversas doações enquanto o pai deles vivia. Por fim, a mulher alegou que trabalhava como autônoma, lavando e vendendo roupas, e que também recebia uma mesada do marido.

O juiz Alexandre Cardoso Bandeira declarou nula a venda de um dos imóveis, mas indeferiu o pedido de anulação da doação feita à enteada do homem e não concedeu aos filhos o direito sobre outros imóveis comprados pela viúva. Ele julgou o processo extinto, com resolução do mérito, em novembro de 2012.
 
A viúva e a filha apelaram da sentença, assim como os dois filhos dos casamentos anteriores.
 
Os desembargadores Estevão Lucchesi, Valdez Leite Machado e Evangelina Castilho Duarte atenderam a uma parte das solicitações dos herdeiros.
 
O relator, desembargador Estevão Lucchesi, distinguiu, no acórdão, o estatuto dos imóveis adquiridos durante o casamento e os que já pertenciam a cidadã antes de ele se casar pela terceira vez. Ele citou súmula do STF que, para evitar o enriquecimento sem causa, prescreve: "No regime de separação de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento".

Segundo o magistrado, "o esforço comum é presumido e decorre da existência de vida comum". Sendo assim, os sucessores do marido da mulher têm direito a 50% dos imóveis que foram registrados, após o casamento, em nome dela e não foram vendidos a terceiros. Em relação aos que foram alienados, o desembargador esclareceu que os filhos devem ajuizar outra ação para reivindicar direitos referentes a essas propriedades.
 
O relator, entretanto, manteve a anulação determinada pelo juiz e confirmou também a doação de imóvel à enteada, porque o valor do bem não ultrapassaria a metade das posses do cidadão.
 
Processo: 0233879-46.2007.8.13.0514

Fonte: TJMG

Rodney Silva
Jornalista - MTB 14.759

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