“Justiça e insulto são coisas incompatíveis - e isso se aprende na escola”. A afirmação foi feita na sexta-feira (15) pelo presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Cezar Britto, ao repudiar com veemência a declaração pública do procurador-geral de justiça de São Paulo, Rodrigo César Rebello Pinho, de que “a OAB é uma instituição que atua de forma fascista". Em nota, Britto salientou que se o procurador-geral se sente agravado por algum ato da OAB, “dispõe da instância judiciária para as devidas reclamações - direito pelo qual a OAB lutou, durante décadas, ao enfrentar regimes fascistas”.
Para o presidente nacional da OAB, “se o procurador-geral de justiça de São Paulo pode dizer hoje bobagens como essa, é porque o país vive a plenitude democrática - e a OAB tem tudo a ver com isso, basta consultar os compêndios escolares”. Ele lembrou as lutas da instituição desde o Estado Novo, passando pela ditadura de 64, contra a censura e o arbítrio e em prol da Anistia e das Diretas já. “À OAB associam-se nomes como Sobral Pinto, Raimundo Faoro, Evandro Lins e Silva, Barbosa Lima Sobrinho, entre outros que hoje pertencem à História - disciplina que o procurador-geral parece não ter estudado muito”, sustentou Britto.
Confira a nota do presidente do Conselho Federal da OAB, Cezar Britto:
“Ao chamar a OAB de “instituição que atua de forma fascista”, o procurador-geral de justiça de São Paulo mostrou, acima de tudo, que desconhece a história contemporânea de seu próprio país - e isso já o fragiliza para o exercício de função da magnitude da que exerce.
Se hoje ele pode dizer bobagens como essa, é porque o país vive a plenitude democrática - e a OAB tem tudo a ver com isso. Basta consultar os compêndios escolares.
A OAB é a instituição que mais se notabilizou, ao longo dos últimos 78 anos, na luta contra sucessivos regimes fascistas que infelicitaram este país.
Estava na linha de frente contra a ditadura do Estado Novo (1937-1945), assim como foi a voz da sociedade civil na luta contra o regime militar pós-64, denunciando tortura a presos políticos e lutando pela redemocratização do país.
Diretas já, Constituinte, fim da censura - em cada uma dessas lutas cívicas, a OAB esteve presente e correu todos os riscos. A ela associam-se nomes como Sobral Pinto, Raimundo Faoro, Evandro Lins e Silva, Barbosa Lima Sobrinho, entre outros que hoje pertencem à História - disciplina que o procurador-geral parece não ter estudado muito.
Se o procurador-geral se sente agravado por algum ato da OAB, dispõe da instância judiciária para as devidas reclamações - direito pelo qual a OAB lutou, durante décadas, ao enfrentar regimes fascistas. Justiça e insulto são coisas incompatíveis - e isso também se aprende na escola”.
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Fonte: CFOAB
Rodney Silva
Jornalista - MTB 14.759