A OAB/RS, juntamente com o Conselho Regional de Medicina (Cremers), o Sindicato Médico do RS (Simers) e os representantes do Hospital de Clínicas (HC) e do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), vistoriaram, nesta quarta-feira (08), o Hospital Luterano da Ulbra, em Porto Alegre.

Fechados em razão das dificuldades financeiras da mantenedora, os hospitais Luterano e Independência possuem pelo menos um terço dos leitos necessários para amenizar o quadro deficitário existente hoje na Capital, que necessita em torno de 700 novos leitos.

"A partir de agora, com um laudo técnico fornecido pelas entidades da área, a Ordem poderá iniciar uma negociação com os poderes públicos para que estes assumam a administração dos hospitais", explicou o presidente da OAB/RS, Claudio Lamachia, que participou da vistoria.

O coordenador-geral da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RS, conselheiro seccional Ricardo Breier, salientou que, desde a realização da audiência pública sobre o caos da saúde, promovida pela entidade, “a reabertura desses hospitais entrou na pauta principal da Ordem”.

Breier ressaltou, ainda, “que o poder público havia indicado como empecilho para assumir os hospitais um entrave judiciário que já está superado, conforme nossas tratativas com o juiz Guilherme Pinho Machado”. Desta forma, assegurou Breier, o caminho está aberto para que Município, Estado e União possam atender às necessidades urgentes da sociedade.

“Se conseguirmos viabilizar a abertura dos dois hospitais atualmente fechados (Luterano e Independência), contaremos com aproximadamente 300 novos leitos, o que já desafoga as duas grandes instituições (HC e GHC) da Capital”, afirmou a vice-presidente do Simers, Maria Rita de Assis Brasil.

“A estrutura dos prédios nos parece boa”, registrou o chefe do Setor de Emergência do HC, Luiz Nasi, que também esteve acompanhado de um corpo técnico que participou da vistoria.

Reunião e relatório

Uma reunião na sede da Ordem gaúcha, nesta quinta-feira (09), com a presença do juiz federal Guilherme Pinho Machado e representantes do MEC e do Ministério da Saúde, além das secretarias estadual e municipal de saúde, buscará definir o órgão público que deverá encampar os hospitais, fechados desde abril do ano passado.

Na ocasião, será entregue também o relatório elaborado pela Comissão de Fiscalização do Cremers. O presidente da entidade, Fernando Matos, destacou que a reabertura dos hospitais em curto prazo é viável: “O Hospital Independência está praticamente pronto para voltar a funcionar. É lamentável que esse hospital permaneça fechado em meio à crise nas emergências, com tanta falta de leitos. É hora de ver se os gestores querem de fato resolver o problema, se querem mesmo fazer saúde ou se querem apenas brincar, fazer de conta”.

Em relação ao Luterano, vistoriado pela manhã, as dificuldades são maiores. Segundo Matos, “As condições do prédio são muito boas. O problema maior é a falta de equipamentos. Agora, com algum investimento, o hospital pode funcionar de apoio para outros de maior porte, recebendo pacientes estabilizados nas emergências de Porto Alegre e que precisem apenas de procedimentos de pequena e média complexidade. Para funcionar a pleno, serão necessários investimentos muito mais elevados”.

Juntos, Luterano e Independência, referência em traumato-ortopedia, contam com 217 leitos. Mais de 300 funcionários dos dois hospitais aguardam em casa, com salário em dia, a volta ao trabalho.
Também participaram das vistorias o 1º secretário, Rogério Wolf de Aguiar; o coordenador da Fiscalização, Antônio Celso Ayub; e os médicos fiscais Mário Henrique Osanai e Paulo Contu.

Rodney Silva
Jornalista - MTB 14.759