A advocacia lotou o plenário do órgão para acompanhar a reunião e entregar o Manifesto pela Transição Segura do Processo em Papel pelo Eletrônico. Na sessão, Bertoluci advertiu "para a implantação açodada de sistemas sem total segurança processual".
Na noite desta terça-feira (17), o CNJ aprovou a resolução que determina a implantação do Processo Judicial Eletrônico (PJe) em todo o Brasil, no prazo compreendido entre 3 e 5 anos. Ainda em fase de testes, a resolução é alvo de críticas por parte de advogados, juízes e desembargadores, que alegam falta de infraestrutura em algumas localidades do País, e, em outras, um possível atraso tecnológico para os tribunais que já usam sistemas eletrônicos próprios e mais modernos.
"É grande a possibilidade de exclusão digital dos advogados da Justiça, pois o que estamos vendo é uma olimpíada entre os tribunais para a implantação açodada de sistemas sem total segurança processual.Não é admissível conviver com diferentes ferramentas de acesso ao processo eletrônicoem cada segmento do Judiciário", advertiu o presidente da Ordem gaúcha, Marcelo Bertoluci, que participou da 181ª Sessão Ordinária do CNJ, em Brasília.
Na reunião, a diretoria do Conselho Federal da OAB entregou o Manifesto pela Transição Segura do Processo em Papel pelo Eletrônico. A advocacia lotou durante todo o dia o plenário do CNJ. Participaram da sessão presidentes e dirigentes das 27 seccionais, inúmeros conselheiros federais e membros dirigentes das entidades signatárias do manifesto: Abrat,AASP,IASP e Movimento de Defesa da Advocacia (MDA).
O manifesto compreende 20 itens pleiteados pela OAB Nacional, cujo resultado do julgamento acatou 18 destas demandas. Ainda em fase de testes, o PJe é alvo de críticas por parte de advogados, juízes e desembargadores, que alegam falta de infraestrutura em várias localidades do País, e, em outras, um possível retrocesso tecnológico para as casas judiciárias que já usam sistemas próprios e mais modernos.
Uma das principais conquistas da OAB foi a inclusão de item que obriga órgãos do Poder Judiciário a manter instalados equipamentos para consulta ao conteúdo dos autos digitais, digitalização e envio de peças processuais e documentos em meio eletrônico. Os aparelhos estarão disponíveis às partes, aos advogados e aos interessados. Os órgãos também deverão providenciar auxílio técnico presencial para pessoas com deficiência e para idosos.
Para o presidente do Conselho Federal da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, há de se considerar as peculiaridades de algumas regiões brasileiras. "O que está em discussão não é a forma como se implantará ou funcionará o Processo Judicial Eletrônico, mas, sim, os impactos que essa nova metodologia poderá trazer ao jurisdicionado. Brasil afora, temos uma internet falha, sem acesso 3G em diversas localidades, fora problemas como quedas de energia. Essas características devem entrar em pauta", lembrou.
Marcus Vinicius defendeu que a transição seja feita de forma paralela. "É essencial que nada seja feito de maneira brusca. Toda mudança requer tempo para aceitação e adaptação. Para isso, o fundamental é que, por um período de tempo, seja aceito e válido o peticionamento eletrônico concomitantemente ao de papel, físico. Um tribunal como os de São Paulo, por exemplo, tem um volume monstruoso de ações", sugeriu.
O vice-presidente do CFOAB e coordenador nacional do Fórum Permanente de Discussão do Processo Judicial Eletrônico, Claudio Lamachia,também fez o uso da palavra. "O tema (PJe) não afeta apenas advogados, membros do Judiciário e do Ministério Público. Impacta, direta e principalmente, a cidadania. Lembro que estamos em um País com mais de 5,5 mil municípios, dos quais 70% não têm internet banda larga. Entendemos que não é o cenário ideal para uma mudança repentina. Pede-se segurança", concluiu.
Acesse o manifesto, clicando aqui.
Com informações do CFOAB
Rodney Silva
Jornalista - MTB 14.759
Rodney Silva
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