|   Jornal da Ordem Edição 4.431 - Editado em Porto Alegre em 22.11.2024 pela Comunicação Social da OAB/RS
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NOTÍCIA

17.05.07  |  Magistratura   

Gravação da PF mostra juiz oferecendo propina

Gravações da Polícia Federal revelam que o juiz do TRT de Campinas (SP) Ernesto Dória ligou para o Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro, no dia 28 de fevereiro deste ano para oferecer propina a um coronel, assessor direto do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.

Dória ganhou notoriedade nacional durante a Operação Furacão, da PF, de envolvimento com a máfia do jogo ilegal.

De acordo com as gravações da PF, Dória queria a liberação de R$ 283 mil de indenização que o Metrô do Rio de Janeiro  deve à sua mulher, Nadir Maria Tolentim Dória. Esta cifra decorre de uma desapropriação sobre o prédio que era ocupado por uma lanchonete de propriedade de Nadir, no bairro de Copacabana.

Judicialmente, todas as etapas foram vencidas a favor de Nadir - mas a mulher do juiz terá que, naturalmente, sujeitar-se à fila dos precatórios.

Na ligação telefônica, Dória informa que "a indenização é uma merreca, são cerca de 300 mil". A seguir, reclama que um servidor já lhe pediu gratificação de 30% para liberar o pagamento. O juiz se rebela com isso, mas oferece 25% ao novo interlocutor (o coronel).

Este retruca: "o que é isso, doutor!"...

Os dois terminam marcando um encontro para o dia seguinte - a ida de Dória ao Palácio da Guanabara. A Polícia Federal não revelou se o encontro chegou a acontecer e se está, ou não, documentado ou filmado.

No dia 12 de abril, o TRT-15 divulgou nota oficial para "esclarecer que os fatos que são objeto de investigação pelo Ministério Público Federal, no inquérito nº 2424-4, do Rio de Janeiro, e que levaram o ministro Cezar Peluso a decretar a prisão temporária do magistrado deste Regional, Dr. Ernesto da Luz Pinto Dória, não teriam ligação com a sua atividade como juiz do Trabalho, pelo que dá notícia a decisão prolatada nos autos do inquérito".

No dia anterior (13) o Pleno do TRT-15 reuniu-se extraordinariamente e decidiu pela abertura de procedimento administrativo disciplinar e pelo afastamento cautelar e temporário do referido magistrado de suas funções.

Nada mais o TRT de Campinas informou a respeito. Dória, é claro, continua recebendo normalmente seus vencimentos como magistrado.

 

Rodney Silva
Jornalista - MTB 14.759

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