Foi publicado, na edição desta sexta-feira (26), no jornal Zero Hora, de Porto Alegre, artigo do presidente nacional da entidade, Claudio Lamachia, sobre a crise ética, moral e política do Brasil.
Depuração política
Por Claudio Lamachia - presidente nacional da OAB
A crise ética e moral que enfrentamos atualmente em nosso país nos trouxe a uma encruzilhada. O caminho que vamos seguir daqui para frente determinará se chegaremos, ou não, a um lugar melhor do que o que deixamos para trás. Em poucas palavras: ou acabamos com a corrupção, ou ela acaba com o Brasil.
Passar o Brasil a limpo e depurar a classe política dependem de um amadurecimento urgente de cada um de nós. Não nos é mais permitido apontar o dedo sem fazer uma análise profunda da responsabilidade que temos ao eleger quem nos representa.
É inaceitável a postura de agentes políticos que traem seus eleitores e é igualmente condenável que a democracia e o voto sejam tratados com displicência. Cada um de nós é responsável pelo seu voto e pela defesa de seus ideais. Precisamos de homens que sirvam à política e não daqueles que se sirvam dela.
Se, a cada dia em que abrimos os jornais, ouvimos o rádio e assistimos ao noticiário, nos incomodamos e nos revoltamos com a crise ética sem precedentes que estamos enfrentando, não tenhamos dúvida: esta é uma oportunidade ímpar para estabelecermos um novo padrão ético em nossa política e sociedade.
Se, mais do que nunca, podemos dizer que sobram recursos para a corrupção e faltam para políticas públicas básicas, como saúde, educação, segurança e saneamento básico, é justamente neste momento que cada um de nós deve repensar o modelo de nação que pretende e o que vem fazendo para que ele seja possível.
O funcionamento pleno das instituições deve ser respeitado, sem que haja qualquer tipo de interferência indevida de agentes políticos que pretendam negar o papel institucional do Poder Judiciário e do Ministério Público. A atuação dessas instituições deve ser desenvolvida em nome da sociedade, para a sociedade e em respeito à sociedade, como deve ser nas democracias.
A OAB não deixará, de maneira alguma, de lutar por um novo patamar ético na política brasileira e cobrará do governo e do Congresso medidas efetivas no combate ao fisiologismo e às concertações de gabinetes.
Sem bandeiras partidárias, defendendo o interesse da sociedade e respeitando a Constituição, estaremos mais atentos e atuantes do que nunca. É o que a sociedade espera de nós. Esse é o nosso compromisso.
Fonte: OAB/RS