Confira o artigo do presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, publicado na edição desta quarta-feira (07) no jornal Zero Hora. O dirigente faz uma crítica aos serviços prestados pelas companhias aéreas.
Os consumidores são muito exigentes - Claudio Lamachia - Presidente nacional da OAB
O consumidor brasileiro é muito exigente. Ele decide viajar e quer logo levar suas roupas na bagagem. Quem disse que o preço da passagem dá direito a levar uma mala? Outra coisa que é exemplo de abuso é a possibilidade de escolherem onde sentar. Onde já se viu?
E não é só isso. Já perceberam que sempre que estão no aeroporto eles reclamam do preço de tudo? Mas eles não param por aí. Se um voo atrasa muito durante a noite, os passageiros querem logo um hotel para descansar. São uns abusados! Será que não podem esperar umas 10 ou 12 horas nas confortáveis poltronas da sala de embarque?
Não podem passar nem seis horas aguardando e já querem comer algo. E ainda por cima querem que a pobre companhia aérea pague o seu almoço. Tudo por causa de um pequeno atraso. Não vamos nos surpreender se daqui a pouco alguma companhia iniciar a venda de tíquetes para o uso dos banheiros. A sorte das companhias é que elas têm a seu favor uma agência reguladora – a Anac – que as defende desses absurdos. Ninguém aguenta passageiro mimado.
Tudo o que você leu até aqui, por óbvio, é uma ironia. O triste é que parece ser exatamente isso que acontece no Brasil. Quando as companhias aéreas anunciaram a cobrança pelo despacho das bagagens, houve quem afirmasse que a medida beneficiaria os que viajam a trabalho, reduzindo o custo dos bilhetes.
Não era preciso ser vidente para saber que o argumento era furado. O preço dos bilhetes não baixou e os únicos beneficiados foram as próprias companhias aéreas. Agora querem cobrar também pela marcação do assento. Não faltará agência reguladora afirmando que tal medida permitirá a diminuição do preço das passagens.
O governo talvez dê atenção aos passageiros no dia em que os jatinhos da FAB começarem a impor as mesmas regras que são impostas aos cidadãos comuns. Só quem paga pelo serviço é que sabe o quanto ele é deficiente e quanta falta faz uma agência capaz de moderar, de fato, a relação entre empresas e passageiros.
Fonte: OAB/RS