Depois de 14 anos, famílias de vítimas da chacina de Vigário Geral ainda esperam indenização


31.08.07 | Criminal

A Chacina de Vigário Geral, que completou anteontem (29) 14 anos, foi lembrada com missa na Igreja de São José, no centro do Rio. Na chacina, que ficou conhecida internacionalmente, policiais que se autodenominavam "cavalos corredores" entraram na comunidade, na zona norte da cidade, e assassinaram 21 pessoas a tiros na noite de 29 de agosto de 1993. 

Segundo investigações do Ministério Público, os policiais queriam se vingar do assassinato de dois colegas na noite anterior, em uma praça perto de Vigário Geral. As vítimas da vingança policial não tinham, entretanto, envolvimento com o tráfico de drogas.

"Até hoje somente as vítimas e seus familiares foram punidos. Dos presos, dos 50 acusados envolvidos no evento, sete somente foram condenados e dois morreram por razões diversas. E as famílias sequer receberam alguma indenização em decorrência desse fato", disse o advogado de seis famílias de vítimas da chacina, João Tancredo. 

A professora Silvia Ramos, do Centro de Estudos em Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, considera a chacina de Vigário um marco na história do Rio de Janeiro. Segundo ela, a partir daí, teve início uma resposta da sociedade para a violência, por intermédio dos movimentos sociais.

"Das manifestações da sociedade civil brasileira, nos anos 90, as mais importantes foram essas, em que surgiram jovens e lideranças de favelas falando na primeira pessoa. Não somos mais nós, das universidades, ou o governo falando deles, a mídia falando deles. São eles falando sobre eles. Eles reivindicam para si que ninguém mais fale por eles", afirmou a professora.

As manifestações sobre a chacina estão sendo organizadas pela Associação de Moradores de Vigário Geral junto de outras entidades, com o objetivo de não deixar o crime cair no esquecimento.

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Fonte: Agência Brasil