Fazendeiro é condenado a 30 anos por morte da freira Dorothy


16.05.07 | Criminal

O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, foi condenado a 30 anos de prisão em regime fechado pela morte da missionária americana Dorothy Stang, em fevereiro de 2005, em Anapu, no Pará. Os jurados do Tribunal do Júri popular de Belém (PA) entenderam que ele foi um dos mandantes do crime.

O Pará registrou, nos últimos 33 anos, 772 assassinatos de trabalhadores rurais e de pessoas que os apoiavam. Somente em três casos houve o julgamento de mandantes dos crimes - os casos de Expedito Ribeiro, de João Canuto e de Eldorado do Carajás.

A freira católica Dorothy Stang foi assassinada a tiros no dia 12 de fevereiro de 2005, causando grande repercussão internacional e chamando a atenção para os conflitos na luta pela terra na região da Transamazônica, no estado do Pará.

A sentença foi lida às 16h50 de ontem  (15). O julgamento teve início no dia anterior. O resultado foi comemorado por 900 agricultores de vários municípios que estavam na frente do Tribunal de Justiça acompanhando o julgamento.

A defesa anunciou que vai recorrer da sentença, mas o juiz Raimundo Moisés Alves Flecha, negou ao condenado o direito de responder ao recurso em liberdade. Bida já estava preso no Complexo Penitenciário de Americano.

Dorothy Stang foi alvejada por Raifran das Neves Sales, o Fogoió, com seis tiros de arma de fogo calibre 38. Clodoaldo Batista estava ao lado de Raifran e assentiu a toda a execução. Os dois foram os primeiros a serem julgados, sendo condenados, respectivamente, a 27 e 17 anos de reclusão em regime fechado. Eles estão recolhidos em presídio da Região Metropolitana de Belém. Em razão da pena a que foi condenado, Raifran deve ser submetido a novo julgamento pelo Tribunal do Júri.

Amair Feijoli da Cunha, o Tato, fazendeiro responsável por intermediar o assassinato, foi levado a julgamento no final de abril de 2006 e condenado ao cumprimento a 18 anos de prisão. ambém foi denunciado de ser mandante do crime o fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão. Mas ele aguarda o julgamento em liberdade, por decisão do STF.

O Pará registrou, nos últimos 33 anos, 772 assassinatos de trabalhadores rurais e de pessoas que os apoiavam. Somente em três casos houve o julgamento de mandantes dos crimes - os casos de Expedito Ribeiro, de João Canuto e de Eldorado do Carajás.

A presidente da OAB do Pará, Angela Sales, acompanhou todo o julgamento no plenário. "A Ordem dos Advogados do Brasil no Pará ficou satisfeita com a condenação porque o histórico dos julgamentos em relação à mandantes desse tipo de crime no nosso Estado sempre foi muito frustrante para as lideranças dos direitos sociais e sociedade civil em geral", disse.