Ministro prorroga prisões temporárias da Operação Furacão e desembargador admite que “se deixou enganar


18.04.07 | Magistratura

O ministro Cezar Peluso deferiu ontem (17), no início da noite,  pedido da Procuradoria Geral da República e da Polícia Federal de prorrogação, por mais cinco dias, das prisões temporárias efetuadas no curso da Operação Furacão.

A decisão faz parte do inquérito nº 2424, que tramita sob segredo de justiça no STF.

O desembargador José Eduardo Carreira Alvim, integrante do TRF da 2ª Região disse a investigadores da Polícia Federal que recebeu "pedidos insistentes" de seu colega de corte, José Ricardo de Siqueira Regueira, para que concedesse decisões favoráveis a empresários ligados ao ramo de bingos.  Os dois desembargadores estão presos.

Segundo fontes da PF, Carreira Alvim teria comentado, ainda, que "se deixou enganar" pelo genro, Silvério Nery Cabral, também preso na operação, mas alegou inocência. Segundo afirmou a integrantes da Polícia Federal presentes, todos os seus despachos em causas ligadas ao setor de bingos foram a partir de seu "livre convencimento" e dentro da legalidade.

De acordo com a PF, Carreira Alvim fez esses comentários ainda no Rio de Janeiro, logo após a sua prisão, na sexta-feira (13), mas não os consignou em seu depoimento. Segundo seu advogado, Luiz Guilherme Vieira, Carreira Alvim decidiu não dar declarações durante seu interrogatório porque ainda não havia tido ainda acesso aos autos do inquérito e desconhecia as os fatos apurados pela PF.

O advogado Nélio Machado, que defende o desembargador Siqueira Regueira, afirma desconhecer os fatos e declara que o seu cliente "jamais fez qualquer pedido insistente ou não insistente a qualquer colega de tribunal que não fosse lícito". Por não ter tido acesso aos autos, o desembargador também preferiu não dar declarações em seu depoimento.