Collor tenta se reinventar no Senado como ambientalista


17.04.07 | Ambiental

De volta a Brasília eleito senador por Alagoas (eleito pelo PRTB e agora no PTB, da base de apoio ao governo), o ex-presidente Fernando Collor de Mello encontrou nos assuntos de meio ambiente uma maneira de se “reinventar” neste seu retorno à política.

Das sete comissões das quais participa, três estão ligadas ao meio ambiente. Collor é membro da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado, presidente da Subcomissão Permanente de Acompanhamento do Regime Internacional sobre Mudanças Climáticas também do Senado e vice-presidente da Comissão Mista Especial sobre Mudanças Climáticas.

Em conversa com correspondentes estrangeiros, Collor conta que seu interesse pelo assunto vem de família, do respeito à natureza ensinado pelo pai desde quando era criança, no Rio.

“Quando eu cheguei no Senado pensei: o que vou fazer, vou me dedicar a quê”, conta. Ele disse que escolheu o meio ambiente e a reforma política como os seus assuntos principais, pensando na importância desses temas.

No âmbito da reforma política, ele vai propor na próxima semana um projeto de emenda constitucional instituindo no país o parlamentarismo.

Na área de meio ambiente, é autor de um requerimento para que o governo proponha a realização de uma conferência sobre o clima, em 2012, o Rio + 20, e de que o país seja a sede de uma agência da ONU dedicada ao meio ambiente, em substituição ao atual programa, sediado em Nairóbi, no Quênia.

Ele diz que tem “uma pontinha de esperança” de que a proposta da conferência seja levada adiante pelo Executivo a partir da promessa do presidente Lula de que trataria do assunto na reunião do G-8, da qual vai participar, em junho, na Alemanha.

“Mas não estou muito animado que estas propostas vão acontecer”, diz Collor, que reclama de falta de empenho do governo federal nas questões relativas ao meio ambiente.

Collor diz que sua atuação na presidência, entre 1990 e 1992, o credencia para defender o assunto. “No meu governo o desmatamento da Amazônia foi praticamente a zero, de acordo com o Inpe, que faz a medição”, afirma.

Collor elogia a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, mas diz que ela não tem o apoio necessário do presidente.

Em relação ao etanol, Collor não compartilha o otimismo do governo brasileiro, mas concorda com as críticas do presidente cubano Fidel Castro, que disse que a expansão da produção de álcool pode comprometer a produção de alimentos.

“Eu acho que o que falou Fidel é algo que tem muita importância. Não é nenhuma fala inconseqüente. Ao contrário, é preciso levar em consideração”, afirmou Collor.

Ele diz que a cana-de-açúcar já está avançando em áreas que antes eram dedicadas a outras culturas ou ao gado. “Daqui a pouco quem está produzindo milho, soja, feijão, deixa de produzir para plantar cana. Daqui a pouco está avançando para o cerrado”, diz.

O presidente venezuelano Hugo Chávez, que também criticou o acordo do Brasil com os Estados Unidos para produção de etanol em países da América Central e do Caribe, já não tem o mesmo respaldo de Collor. "Ele é contraditório, porque ao mesmo tempo que critica os Estados Unidos vende petróleo para eles”, diz. (Com informações da BBC Brasil)

Leia a notícia na origem.