O aquecimento global pode fazer com que a área de incidência de malária e dengue seja expandida no mundo, segundo conclusões prévias da segunda parte do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) da ONU, que será apresentado amanhã (06) em Bruxelas. O texto afirmará que o aumento de até 4º C na temperatura da Terra favorecerá a proliferação dessas doenças infecto-contagiosas.
A missão dos especialistas da ONU agora é concluir qual a probabilidade, para cada região do planeta, de que essa previsão se concretize.
Essa segunda parte do relatório do IPCC abordará as conseqüências que as mudanças climáticas terão nos próximos anos sobre o ecossistema, a economia e a saúde dos seres humanos, e até que ponto as medidas tomadas pelo homem podem reduzir esse impacto.
O especialista brasileiro Ulisses Confalonieri, um dos autores do capítulo dedicado à saúde humana do relatório do IPCC, avalia que o impacto da previsão global sobre o Hemisfério Sul deve ser pequeno. Por isso, acrescentou, quando os cientistas tiverem de decidir o grau de probabilidade por região, o Brasil, por exemplo, deve receber a indicação de "baixa probabilidade".
"A temperatura no Brasil já é propícia para a malária. Não temos mais casos da doença graças à urbanização. Então, não seria um aumento da temperatura que levaria à expansão da malária, por exemplo. Isso depende mais do crescimento e da migração da população", disse.