Encarregado de reservatório demitido por suposto furto de água receberá indenização, diz TST


15.08.18 | Trabalhista

A 7ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) condenou uma empresa de São José do Rio Preto (SP) a indenizar um encarregado de reservatório demitido por justa causa. Acusado pela empresa de ter furtado água por meio de uma ligação clandestina (“gato”) em sua residência, ele foi absolvido em ação penal.

Empregado desde 1981, o encarregado respondeu, em 2004, a um processo administrativo, em que se concluiu que ele teria cometido falta grave. Ao mesmo tempo, foi instaurado um inquérito policial, que resultou na sua absolvição por falta de provas. Na reclamação trabalhista, ele alegou que, de acordo com o Estatuto dos Servidores do Município de São José do Rio Preto, somente após o término do processo penal ele poderia ser punido. Por isso, pediu a reintegração ao emprego ou a conversão da demissão em dispensa sem justa causa e indenização por danos morais.

O juízo da 2ª Vara do Trabalho de São José do Rio Preto julgou improcedente o pedido, com o entendimento de que a absolvição por ausência de provas não é suficiente para afastar a justa causa. “Para a condenação na esfera criminal, os requisitos são mais rigorosos, por tratar da possibilidade de restrição de liberdade”, registrou a sentença. Para o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (Campinas/SP), no entanto, não seria possível atribuir ao empregado a autoria do “gato”. O TRT, considerando ainda que ele havia trabalhado na empresa por 23 anos sem qualquer mancha na reputação, converteu a demissão em dispensa imotivada, mas manteve o indeferimento da indenização por dano moral.

No exame do recurso de revista ao TST, o relator, desembargador convocado Ubirajara Carlos Mendes, citou precedentes em que a Sétima Turma, em situações semelhantes, entendeu que ficaram caracterizados o dano moral, em razão da gravidade e da repercussão social da acusação, e a responsabilidade subjetiva do empregador. Por unanimidade, a Turma deu provimento ao recurso e fixou a indenização em 20 mil reais.

Após a publicação do acórdão, foram opostos embargos de declaração, ainda não julgados.

Processo: RR-107700-51.2006.5.15.0044

Fonte: TST