Foi no Campus Universitário de Caxias do Sul, da Região das Hortênsias, que o presidente da Ordem gaúcha, Ricardo Breier, falou para dezenas de estudantes de Direito sobre as ações e o “Papel da OAB em tempos de Corrupção”, na noite desta quarta-feira (05). O presidente da entidade foi o convidado especial da V Semana Acadêmica da Universidade, que vai até o dia 7 de abril, integrando a comemoração dos 50 anos da instituição de ensino.

O dirigente da seccional gaúcha abriu a sua palestra falando sobre o papel das Universidades, da missão que a entidade possui com a advocacia e, sobretudo, com a cidadania. Breier fez também um panorama da história brasileira e afirmou que as instituições de ensino precisam resgatar a crítica, o papel político e aperfeiçoar o senso de conhecimento dos estudantes. “Fomos usurpados pela colonização. O que houve nesse País foi um assalto e uma grande corrupção, desde o primeiro momento. Se isso não bastasse, ficamos séculos sendo escravizados. E todos os senhores que estão aqui são multiplicadores de conhecimento e informação. Então, é preciso ter um papel crítico e conhecer o todo, caso contrário iremos viver mais mil anos de escravidão. Hoje, vocês estudam os códigos e as leis, mas amanhã, após a formação existe algo muito maior: a responsabilidade da representatividade da cidadania que não tem o seu direito reconhecido”, frisou.

Foi sob os olhares atentos de estudantes, professores e advogados presentes na plateia, que o presidente da OAB/RS falou ainda sobre política e a crise ética. Breier foi contundente ao dizer que o foro privilegiado é ultrapassado e questionou o público sobre o tema.

“Deputados, governadores, senadores, todos eles possuem o foro privilegiado e isso está inviabilizando o Supremo Tribunal Federal de decidir temas importantes da nação brasileira. Se continuar dessa forma, quanto tempo vai levar para concluir esse processo? O Mensalão, que era um processo um pouco menor, levou cerca de oito anos para ser concluído. Será que eles estão achando que a sociedade ainda está cega para essas atrocidades e que não se indigna por tudo que está sendo feito?” questionou.

Breier ainda afirmou que tempos difíceis ainda estão por vir, principalmente em relação a segurança pública do Estado. Ele lembrou do I Encontro Gaúcho pela Segurança Pública que a seccional gaúcha realizou em dezembro de 2016 cobrando efetividades do Governo estadual em relação ao tema, mas que não houve retorno. “Tudo isso que estamos vivendo é fruto de uma má gestão política e da corrupção. Isso é fruto dessa política que nos prende e que nos faz depender desse Estado, para que assim, ele se sinta forte com os interesses privados ao invés de pensar no coletivo. E, eu digo seguramente: nós não nos libertamos ainda. Por isso, o papel da OAB é dar voz a sociedade e nós vamos lutar e vamos estar atentos permanentemente.”, enfatizou.

Concluindo, o dirigente fez uma observação sobre as próximas eleições e enfatizando a importância da advocacia para o país.

“Daqui há dois anos teremos eleições e já temos que pensar muito bem sobre isso e ter atitudes a respeito, pois é só assim, com novas posturas, que reduziremos o caminho da tragédia”, disse. “A OAB/RS pensa muito no coletivo, é por isso que ela visita escritórios, é por isso que ela briga quando querem calar um advogado em uma audiência, desrespeitando-o, ou quando, de alguma forma, dizem que a advocacia é uma profissão falida. E eu digo que não! Ela é a profissão do resgate e da dignidade. É ele, o advogado que consegue, por meio de uma decisão judicial, a vaga em um hospital para um cidadão, que garante o seu patrimônio e muitas vezes a sua própria vida” bradou.

Vanessa Schneider
Jornalista MTE 17654

Fonte: OAB/RS